Śrī Gaura-Pūrṇimā - O Advento de Śrī Kṛṣṇa Caitanya Mahāprabhu
- Vana Madhuryam Brasil
- 13 de mar.
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Śrīla Bhaktivedanta Vana Gosvāmī Mahārāja
2 de março de 2018, Navadvīpa, Índia
Nós estamos aqui em Navadvīpa-dhāma devido à ahaitukī-kṛpā, ou seja, à misericórdia ilimitada e imotivada de Guru, Vaiṣṇavas e Nityānanda Prabhu. Há alguns dias estamos realizando o parikramā (peregrinação) de Navadvīpa — o mesmo parikramā que Nityānanda Prabhu fez com Śrī Jīva Gosvāmī.
Śrīla Bhaktivinoda Ṭhākura, em seu livro Śrī Navadvīpa-dhāma Māhātmya, faz uma descrição belíssima de Navadvīpa para que possamos compreender a grandeza deste dhāma (morada). Ontem fomos a Ekacakrā, um lugar muito belo, e lá recebemos o darśana (visão) do janma-sthālī (local de nascimento) de Nityānanda Prabhu. Ouvimos dos lábios de lótus dos Vaiṣṇavas a respeito das glórias desse lugar, e essas glórias foram transmitidas a eles por meio de nosso guru-paramparā (sucessão discipular).
No dia de hoje, Vrajendra-nandana Śyāmasundara manifestou-Se neste mundo com o bhāva (sentimento transcendental) e a tez de Rādhā. No Caitanya-bhāgavata, é dito que, em Dvāpara-yuga, Kṛṣṇa advém como filho (suta) de Nanda Mahārāja (nanda-suta). Vrajendra-nandana Śyāmasundara adveio do ventre de mãe Śacī-devi, e Ele é conhecido como Śacīnandana Gaurahari.
Navadvīpa e Vṛndāvana não são diferentes entre si
A līlā (passatempo) de Caitanya Mahāprabhu é eterna, e Navadvīpa-dhāma e Vṛndāvana-dhāma são um só dhāma — essa é a grandeza deles. De um lado você tem Navadvīpa-dhāma, e do outro, você tem Vṛndāvana-dhāma. Não há diferenças entre esses dois dhāmas. Uma moeda possui dois lados, mas ambos fazem parte de uma só coisa. Da mesma forma, Gaura-dhāma e Vṛndāvana-dhāma não são diferentes um do outro. Mas, para a manifestação dos passatempos, vemos esses dhāmas presentes em dois tipos de līlās: audārya-mayi-līlā e madhurya-mayi-līlā.
A līlā de Caitanya Mahāprabhu é chamada de audārya-līlā. Audārya significa magnanimidade e munificência. Essa līlā é grandiosa porque nela Mahāprabhu distribui prema para todos, sem qualquer discriminação — e é por isso que esses passatempos são chamados de audārya-mayi-līlā (passatempos repletos de generosidade).
Os passatempos de Kṛṣṇa em Vṛndāvana são chamados de madhurya-mayi-līlā (passatempos repletos de doçura). São līlās belíssimas, que acontecem na eterna Goloka Vṛndāvana-dhāma. Na verdade, Kṛṣṇa está sempre presente em Sua nitya-mayi dhāma (morada eterna e transcendental) em Sua gaurāṅga-svarūpa (forma de Gaurāṅga). No entanto, Ele não concedeu esse darśana enquanto Gaurāṅga para todos.
O corpo e a alma (ātmā) de Bhagavān são um só, enquanto nosso corpo e alma são diferentes entre si. Vocês estão olhando para o meu corpo, mas a minha alma é diferente dele. Nós poderemos conhecer a nossa alma eterna apenas pela prática de bhajana (adoração espiritual).
O Senhor se manifesta de maneiras belíssimas. A forma eterna do Senhor Caitanya Mahāprabhu está eternamente situada em Goloka Vṛndāvana, mas qual evidência sustenta isso? Não se pode justificar essa afirmação apenas com palavras, pois é necessário ter śāstra-jñāna (conhecimento das escrituras), ou seja, saber quais evidências confirmam Mahāprabhu como sendo o próprio Kṛṣṇa. Os nossos ācāryas (mestres) nos instruíram a respeito de belíssimas considerações (vicāra) que comprovam isso.
Lembrem-se sempre que a līlā do Senhor Caitanya Mahāprabhu está presente na eterna Goloka Vṛndāvana-dhāma, em Nidhuvana. Algumas pessoas dizem que gaura-līlā não está em Vṛndāvana, mas isso não é verdade. Navadvīpa-dhāma está incluída lá, mas está oculta (gupta). Nas līlās e no dhāma de Mahāprabhu, você não pode ver Goloka Vṛndāvana em sua forma real. Em Vṛndāvana, por exemplo, Śyāma-kuṇḍa e Rādhā-kuṇḍa estão presentes e muito próximas. Contudo, em Navadvīpa-dhāma, elas estão distantes uma da outra. Ao realizar bhajana e sādhana (devoção e prática espiritual), essas verdades se manifestarão por conta própria em seus corações e, eventualmente, será possível percebê-las.
Se vocês realizarem o parikramā de Navadvīpa, também obterão os frutos do parikramā de Vṛndāvana, pois o parikramā de Vṛndāvana está incluído no de Navadvīpa. O rio Yamunā e o rio Ganges possuem quatro florestas de um lado e cinco florestas do outro, totalizando assim nove florestas. Em Vṛndāvana-dhāma, há lugares como Khadiravana, Tālavana, Nidhuvana e Nikuñjavana, já aqui em Navadvīpa, nós visitamos lugares como Antardvīpa, Yogapīṭha etc., e todos esses locais também estão presentes em Vṛndāvana. Nós não podemos vê-los devido à influência de Yogamāyā. Logo, só seremos capazes de ver esses lugares pela misericórdia de Yogamāyā. Quando ela remover o seu feitiço ilusório, então nós teremos o verdadeiro darśana do dhāma.
Algumas pessoas dizem que a līlā de Mahāprabhu não está em Vṛndāvana, mas isso está errado. O Senhor Caitanya Mahāprabhu manifestou a Si mesmo, bem como todo o Seu dhāma, dentro de Vṛndāvana. No entanto, Ele fez isso de uma maneira oculta, gupta (confidencial).
Śrīla Bhaktivinoda Ṭhākura afirma: "Caitanya Mahāprabhu veio com o propósito de realizar o yajña (sacrifício) de nāma-saṅkīrtana (o canto do santo nome)." Foi na Phālguna-pūrṇimā que Mahāprabhu adveio. E quando Ele adveio, Yogamāyā estava oculta em Nidhuvana.
O sonho de Śrīmatī Rādhikā
Em um dos granthas (escrituras sagradas) de Śrīla Viśvanātha Cakravartī Ṭhākura, é descrito de forma belíssima como, em Vṛndāvana, especificamente em Nidhuvana, a própria Rādhājī, junto com Suas sakhīs (amigas), presencia Seu prāṇa-priyatama, Seu mais querido Govinda, realizar esses passatempos amorosos.
Após o anoitecer, todas as sakhīs retornam às suas casas, enquanto Śrīmatī Rādhikā e Kṛṣṇa descansam em Seu nikuñja (bosque isolado onde realizam passatempos amorosos). Seus olhos mal conseguem permanecer abertos, pois, na noite anterior, cantaram e dançaram continuamente, com muita felicidade. Assim, Rādhā e Kṛṣṇa acabam exaustos. Vṛnda-devī então adorna um belo nikuñja para que Eles possam descansar. Dessa forma, todas as sakhīs e mañjarīs recebem o darśana de Rādhā e Govinda. As mañjarīs, por exemplo, fazem pequenos buracos no nikuñja para observá-lOs. Rādhā e Kṛṣṇa repousam em um sono profundo, alheios ao que acontece ao redor. Kṛṣṇa, como līlā-puruṣottama (o Supremo entre aqueles que realizam passatempos divinos) e līlā-dhārī (Aquele que sustenta e manifesta as atividades transcendentais), sempre sabe quais passatempos realizar. Em Vraja, Kṛṣṇa dorme apenas para a realização de Suas līlās. Assim, Bhagavān se manifesta em uma forma humana para realizar essas atividades transcendentais.
Certa vez, no meio da noite, Rādhārāṇī despertou e disse: “Ó prāṇa-priyatama, Kṛṣṇa, acorde! Eu tive um sonho, e nele surgiu alguém.” Kṛṣṇa respondeu: “Ó Rāḍhe, me conte, como ele era? Como foi o sonho?”.
Quando a maioria das pessoas tem um pesadelo, elas acordam rapidamente, e, se têm um bom sonho e acordam, voltam a dormir por mais um longo período. No entanto, os nossos śāstras afirmam que deveríamos realizar exatamente o oposto. Se um pesadelo surge durante o sono, vocês devem acordar e em seguida voltar a dormir, pois assim o infortúnio desaparecerá. Já se vocês tiverem um sonho agradável, devem despertar. Caso contrário, como saberão que tiveram um bom sonho? Ao despertarem, poderão percebê-lo. Se você acorda após um bom sonho, é importante que não volte a dormir. Além disso, se tiver um sonho auspicioso, não conte ele a ninguém. Se o fizer, os frutos desse sonho não se concretizarão. Isso está escrito nos nossos śāstras. O conhecimento dos sonhos é chamado svapna-vijñāna. Portanto, se vocês tiverem um pesadelo, acordem e depois voltem a dormir. Mas, se tiverem um bom sonho, não voltem a dormir. Lembrem-se disso.
À meia-noite, Śrīmatī Rādhikā despertou e acordou Seu prāṇa-priyatama, Govinda, dizendo: “Ó Kṛṣṇa! Eu tive esse sonho.” Kṛṣṇa perguntou: “Que tipo de sonho foi esse? Bom ou ruim?” Rādhārāṇī respondeu: “Foi um sonho ruim, um pesadelo, e não consigo esquecê-lo.” Kṛṣṇa indagou: “Que pesadelo você teve?” E Rādhārāṇī disse: “Eu estava com outra pessoa em vez de estar contigo”.
Em nossos śāstras, está escrito que, se uma mulher casta vê outro homem em seu sonho, como, por exemplo, ela caminhando ao lado dele, isso é ruim. Porém, se ela sonha com o seu marido, esse é um bom sonho. Mas Śrīmatī Rādhikā teve o sonho ruim. “No Meu sonho, Eu tive o darśana de outro homem”, disse Ela. Com a mente muito perturbada, Ela indagou: "Eu tive esse sonho indesejável. O que posso fazer, senão contá-lo a Você?" Kṛṣṇa então pediu para que Ela Lhe contasse a respeito do sonho.
Rādhājī disse: "Ó, Meu prāṇa-priyatama, Govinda. Um brāhmaṇa (sacerdote) muito bonito apareceu em Meu sonho. Ele tinha os braços longos, que se estendiam até os joelhos, e Sua tez era deslumbrante. Ele cantava: 'Hare Kṛṣṇa, Hare Kṛṣṇa, Kṛṣṇa Kṛṣṇa, Hare Hare, Hare Rama, Hare Rama, Rama Rama, Hare Hare'".
"Ele era belíssimo, como uma personalidade divina, e não consigo esquecê-lO. Ele tinha olhos grandes e bonitos, e um nariz encantador. Suas mãos e pés também eram muito formosos. A Sua forma era de uma tez dourada (tapta-kāñcana) e Seu corpo irradiava brilho. Ele tinha marcas de tilaka (símbolo espiritual aplicado no corpo) em doze lugares de Seu corpo. Essa pessoa adorável estava caminhando com a cabeça raspada, e enquanto o fazia, lágrimas fluíam de seus olhos. Os Seus dois braços estavam levantados, e ele cantava: 'Hare Kṛṣṇa, Hare Kṛṣṇa…".
“Quando vi esse brāhmaṇa, fiquei um pouco assustada. Ele estava dançando e cantando ‘Hare Kṛṣṇa’ com um humor inspirado e extático. Quando Ele disse ‘Hare’, pensei que estava Me chamando. Ó, Eu sonhei com outra pessoa… Diga-me, por favor, quem é esse brāhmaṇa e por que Ele apareceu em Meu sonho? Ó Govinda! Ó prāṇa-priyatama! Além de Você, nunca pensei em outra pessoa na Minha vida!”, exclamou Śrīmatī Rādhikā.
Kṛṣṇa ouviu sobre o sonho e perguntou: “Você viu mais alguma coisa? Como soube que Ele era um brāhmaṇa?” Ela respondeu: “No colo dEle, havia uma kaṇṭhī-māla (colar sagrado) e um cordão bramânico muito puro. Além disso, ele usava uma śikhā (pequeno tufo de cabelo) na cabeça. Ele era extremamente belo. Enquanto Ele cantava o mahā-mantra, percebi que Ele não era outro senão Eu e Você, Rādhā e Kṛṣṇa, reunidos em uma só forma." Após ouvir essas palavras, Kṛṣṇa disse: "Ó Rāḍhe, Você é a mais querida para Mim. A pessoa que Você viu não é alguém comum. Esse brāhmaṇa não é outro senão Eu mesmo".
Rādhājī perguntou: "Como Você tomou sannyāsa (prática espiritual de renúncia)? E como Você pode ter essa forma tão grandiosa?" Kṛṣṇa respondeu: "Ó Rāḍhe! Eu tenho formas ilimitadas. No darśana de Vṛndāvana-dhāma, Você vê apenas a Minha forma como Kṛṣṇa. Mas além dessa forma, existem outras ilimitadas formas e dhāmas (ananta-rūpa)".
Kṛṣṇa então revelou a Ela todas as Suas formas (svarūpa). Assim como Ele fez com Arjuna ao desvelar a Sua forma universal, Ele também o fez com Rādhārāṇī, destacando especialmente a Sua gaurāṅga-svarūpa, que é de uma beleza incomparável. Se alguém tem o darśana dessa forma de Gaurāṅga uma única vez, todos os seus desejos são realizados.
Ao revelar as Suas muitas formas, primeiramente, Kṛṣṇa expôs as Suas manifestações de Matsya, Kūrma e Varāha, além de muitas outras. No entanto, após cada manifestação, Rādhājī afirmava que aquela não era a svarūpa que Ela havia visto em Seu sonho. Por fim, Kṛṣṇa manifestou a Sua gaurāṅga-svarūpa, e Rādhājī exclamou: "Sim, essa é a svarūpa que se revelou para Mim." Aquela forma era incrivelmente bela, com braços muito longos.
ājānu-lambita-bhujau kanakāvadātau
saṅkīrtanaika-pitarau kamalāyatākṣau
viśvambharau dvija-varau yuga-dharma-pālau
vande jagat priya-karau karuṇāvatārau
Śrī Caitanya-caritāmṛta (Madhya-līlā 17.108)
[Ele tem braços que se estendem até Seus joelhos, e Seus olhos são como as pétalas de uma flor de lótus. Em Sua pessoa estão todos os sintomas transcendentais da Suprema Personalidade de Deus.]
Nessa manifestação, o Senhor concede Sua karuṇā (misericórdia) a todos os seres vivos. Kṛṣṇa é extremamente belo, mas quando Rādhārāṇī contemplou a extraordinária svarūpa do Senhor Caitanya Mahāprabhu, reconheceu imediatamente que Aquela era a mesma que Ela havia visto em seu sonho.
Rādhārāṇī perguntou: “Como Você pode receber sannyāsa? Esse compromisso significa que Você está desapegado de tudo, quando na verdade Você não é desapegado. Eu não sei o que Você faz com todas as gopīs na rasa-līlā. Logo, como é possível que tenha aceitado sannyāsa? Além disso, a Sua tez é escura, mas esse brāhmaṇa tem uma tez dourada, tapta-kāñcana-gaurāṅga”.
Kṛṣṇa respondeu: “Ó Rāḍhe! Nesses passatempos transcendentais em Vṛndāvana-dhāma, tudo possui cetana (consciência), e Eu tomei a Sua tez e o Seu humor para Me manifestar no mundo material. Durante um dia da vida de Brahmā, Eu assumo essa gaurāṅga-svarūpa e desço ao plano material. Você e todos os meus parikaras (companheiros) devem vir comigo para distribuirmos juntos o amor divino a todos os seres vivos”.
Rādhājī então disse: “Não, eu não irei. Meu Girirāja Govardhana não está lá. Rādhā-kuṇḍa e Śyāma-kuṇḍa também não estão lá. Portanto, não vou para aquele lugar.” Mas Kṛṣṇa continuou: “Ó Rāḍhe, Eu manifestarei Vṛndāvana-dhāma no mundo material, especialmente para Você”.
Assim, Kṛṣṇa manifestou a Sua Vṛndāvana-dhāma transcendental (aprākṛta) e veio a esse mundo material junto de todos os Seus companheiros, como Gadādhara Paṇḍita e Śrīvāsa Ṭhākura.
Navadvīpa está presente em Vṛndāvana
Assim como é possível visualizar a svarūpa de Mahāprabhu em Navadvīpa-dhāma, também é possível vê-lO na Goloka Vṛndāvana-dhāma transcendental. Kṛṣṇa está sempre presente em Vṛndāvana. Quando Ele desce a este mundo material, Ele manifesta a mesma forma que existe eternamente no mundo espiritual.
O conhecimento transcendental sobre o reino eterno, bhagavad-vastu, não pode ser alcançado por meios materiais; ele só pode ser compreendido por meio de bhajana e sādhana. Com essa compreensão é que se pode obter o verdadeiro darśana do Senhor. Por isso, em Vṛndāvana, Kṛṣṇa também Se revela como Matsya, Kūrma, Varāha e Suas demais ilimitadas manifestações. Ainda assim, alguns grandes paṇḍitas (eruditos) dizem: "Ao realizar o parikramā de Vṛndāvana, obtém-se apenas os frutos desse parikramā, mas não os frutos de quem faz o parikramā de Navadvīpa-dhāma." No entanto, isso não é verdade, pois os dhāmas são cinmayi (totalmente espirituais), e Navadvīpa está presente em Vṛndāvana.
As līlās são por natureza vastíssimas, assim como o reflexo de uma figueira-da-bengala vista em um lago. Em bhagavat-līlā, não é possível ter o darśana de Kṛṣṇa a partir dos sentidos materiais. Para isso, é necessário anubhāva, compreensões transcendentais originadas no coração.
Kṛṣṇa e Seus companheiros se manifestam em Navadvīpa
Voltando à līlā descrita por Śrīla Viśvanātha Cakravartī Ṭhākura, Rādhā teve o darśana das formas ilimitadas de Kṛṣṇa, o que incluía Seus avatāras como Matsya, Kurma e Varāha. Após contemplar todas essas manifestações, Ela, por fim, viu a Sua gaurāṅga-svarūpa e, ao ouvir a explicação de Kṛṣṇa, declarou: "Eu não quero ir para o mundo material".
Contudo, Kṛṣṇa garantiu: "Por meio de Yogamāyā, manifestarei tudo lá. Você deve vir comigo durante esta Kali-yuga para pregar o nāma-saṅkīrtana e libertar todos os seres vivos." Rādhājī disse: "Se Girirāja Govardhana não estiver presente, e se Rādhā-kuṇḍa e Śyāma-kuṇḍa não estiverem lá, eu não irei." Dessa forma, Kṛṣṇa, por Sua Yogamāyā, manifestou todo o dhāma, incluindo Rādhā-kuṇḍa, Śyāma-kuṇḍa e Girirāja Govardhana.
Agora, nós estamos sentados no colo de Girirāja Govardhana. Outro dia, fomos visitar o Rādhā-kuṇḍa. Assim, o dhāma é como uma flor de lótus, que às vezes se fecha e outras vezes se abre. A flor de lótus se abre com os raios da lua e se fecha com os raios do sol. Da mesma forma, às vezes, quando olhamos para o dhāma, ele está exposto, e às vezes está velado, recolhido.
Rādhājī não queria vir para o mundo material, mas Kṛṣṇa disse: “Ó Rāḍhe, Você tem que vir comigo. Lá, Eu manifestarei Vṛndāvana-dhāma.” Dessa forma, atendendo ao desejo de Śrīmatī Rādhikā, Kṛṣṇa manifestou toda a Vṛndāvana-dhāma em Navadvīpa, incluindo Mathurā, Nandagaon, Varsana e Ter-kadamba, em Navadvīpa.
Quando Rādhājī viu aquilo, Ela ficou muito satisfeita. Assim, Ela se manifestou nesse mundo como Gadādhara Paṇḍita, enquanto Lalitā-sakhī se manifestou como Svarūpa Dāmodara. Todos os companheiros de Kṛṣṇa se manifestaram nesse mundo, e o próprio Senhor adveio como Śrī Caitanya Mahāprabhu para distribuir prema a todos.
Dessa maneira, há evidências de que Mahāprabhu também está presente em Vṛndāvana. Śrīla Bhaktisiddhānta Sarasvatī Ṭhākura Prabhupāda disse: "Kṛṣṇa é Mahāprabhu, e Mahāprabhu é Kṛṣṇa." As evidências apresentadas sustentam essa afirmação.
O Senhor Caitanya Mahāprabhu surgiu em Māyāpur e manifestou em diversas localidades de Navadvīpa todos os Seus companheiros. Recentemente, nós visitamos o local belíssimo onde ocorreu a Sua janma-līlā (passatempo do nascimento). Durante algum tempo, esse local ficou oculto e foi tomado pelos muçulmanos. Mais tarde, Śrīla Bhaktivinoda Ṭhākura levou Śrīla Jagannātha Dāsa Bābājī Mahārāja até lá e confirmou novamente a localização exata do nascimento de Mahāprabhu.
Posteriormente, graças aos esforços de Śrīla Bhakti Prajñāna Keśava Gosvāmī Mahārāja e seus companheiros, o lugar foi recuperado e restabelecido como o local de nascimento do Senhor Caitanya Mahāprabhu.
[Jāya Sri Śacīnandana Gaurahari ki jāya!
Śrī Navadvīpa-dhāma ki jāya!
Nitāi-Gaura Premānande!
Hari Hari Bol!]
Tradução e edição: Taruṇī Gopī dāsī
Revisão: Gaura Hari dāsa