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Aparecimento de Sri Srimad Bhaktivedanta Trivikrama Gosvami Maharaja

  • Foto do escritor: Vana Madhuryam Brasil
    Vana Madhuryam Brasil
  • 26 de jan.
  • 21 min de leitura

Srila Bhaktivedanta Vana Gosvami Maharaja

24 de janeiro de 2017, Bolívia


Hoje é um dia super excelente e auspicioso porque é o dia do aparecimento de um grande acharya da nossa Gaudiya Vedanta Samiti: nitya-lila-pravista om vishnupada ashtottara-sata Sri Srimad Bhaktivedanta Trivikrama Gosvami Maharaja. 


Nossa Gaudiya Vedanta Samiti, que foi originalmente estabelecida por Srila Bhakti Prajnana Keshava Gosvami Maharaj, tinha três pilares: nitya-lila-pravista om vishnupada ashtottara-sata Sri Srimad Bhaktivedanta Vamana Gosvami Maharaja, nitya-lila-pravista om vishnupada astottara-sata Sri Srimad Bhaktivedanta Narayana Gosvami Maharaja e nitya-lila-pravista om vishnupada astottara-sata Sri Srimad Bhaktivedanta Trivikrama Gosvami Maharaja.


Como um dos três pilares, Srila Bhaktivedanta Trivikrama Maharaja é muito proeminente. Existem três devatas em nossa Gaudiya Vedanta Samiti, que são: Brahma, Vishnu e Shiva. Vyasadeva escreveu o seguinte sloka:


gururbrahmā gururviṣṇuḥ gururdevo maheśvaraḥ 

guruḥ sākṣāt parabrahma tasmai śrī gurave namaḥ


(Guptasadhana Tantra)


[Guru é Brahma, guru é Vishnu, guru é Mahesvara (Shiva), guru é o Brahman auto-realizado e ilimitado. Saudações para esse reverenciado guru.]


Gurudeva é como Brahma, Vishnu e Shiva. Ele também é como Parabrahma. Na verdade, os mayavadis pensam assim: “Tudo é Brahma, porque Brahma não tem forma. Brahma aparece neste mundo material apenas pelo motivo especial de estabelecer o varnashrama-dharma e matar os demônios. E por esta razão, naquele momento Ele manifesta Sua forma humana. Depois, quando Ele completa Suas atividades, Ele se funde em Brahma.” Desse modo, os impersonalistas dizem que Brahma não tem forma. No entanto, nossos shastras dizem que Ele possui uma forma. Quem é Bhagavan? Sua vigraha, forma, é eterna e transcendental.


iśvaraḥ paramaḥ kṛṣṇaḥ 

sac-cid-ānanda-vigrahaḥ 

anādir ādir govindaḥ 

sarva-kāraṇa-kāraṇam


(Brahma-samhita, 5.1)


[Krishna, que é conhecido como Govinda, é a Suprema Personalidade de Deus. Ele tem um corpo espiritual eterno e repleto de bem aventurança. Ele é a origem de tudo. Ele não tem outra origem e Ele é a causa primária de todas as causas.]


Sua vigraha é sac-cid-ananda-mayi. Ele aparece em Sua vigraha transcendental, e também aparece com Sua morada transcendental, dhama.


Tente entender essa filosofia. A forma do guru também é transcendental. Por este motivo, o shastra declara:


guru ke ‘manuṣya-jñāna’ nā karô kakhôna

guru-nindā kabhu karṇe nā karô śravaṇa


(Asraya Koriya Vando, de Sri Sanatana Dasa)


[Nunca pense que sri guru é um ser humano comum e nunca ouça nenhum criticismo sobre ele.]


Nunca pense que gurudeva é um ser humano comum.


ācāryaṁ māṁ vijānīyān

navamanyeta karhicit

na martya-buddhyāsūyeta

sarva-deva-mayo guruḥ


(Śrīmad-Bhāgavatam, 11.17.27)


[Deve-se conhecer o ācārya como Eu mesmo e nunca desrespeitá-lo de forma alguma. Não se deve invejá-lo, pensando que ele é um homem comum, pois ele é o representante de todos os semideuses.]


Krishna disse: “Ācāryaṁ māṁ vijānīyān — Ó, Uddhava, sempre pense que o acharya, gurudeva, é não diferente de Mim. Na martya-buddhyāsūyeta — nunca pense que ele é uma pessoa comum e mundana.” Todas as qualidades dos semideuses são manifestadas no coração do guru. Por isso, a filosofia mayavadi e a filosofia Vaishnava são completamente diferentes e contraditórias.


māyāvāda-doṣa yāra hṛdaye paśila

kutarke hṛdaya tāra vajra-sama bhela


(Saranagati, de Srila Bhaktivinoda Thakura)


[Uma vez que a contaminação do ilusionismo entra no coração de alguém, então, esse coração se torna tão duro quanto um raio devido à influência da lógica falaciosa.]


Se o seu coração está contaminado com a filosofia mayavadi, ele se tornará como um raio, e krishna-bhakti nunca irá se manifestar nele. Māyāvāda nā śunibe — nunca ouça os impersonalistas, aqueles que dizem que o Senhor não tem uma forma transcendental. Nunca ouça a filosofia mayavadi.


Gurudeva é como Brahma, pois o guru é Brahma. Assim como Brahmaji cria esse mundo material, o guru cria suddha-bhakti, serviço devocional puro, no coração de seus discípulos através de nama, mantra e hari-katha. Por esta razão, gurudeva é como Brahma.


Gururbrahmā gururviṣṇuḥ… O dever de Vishnu é nutrir todas as entidades vivas. Da mesma maneira, o guru nutre a suddha-bhakti de seus discípulos. 


O guru também é conhecido como Mahadeva, Shiva. E qual é o dever de Shiva? A destruição. Da mesma forma, o guru destroi todos os anarthas, as coisas indesejáveis, do coração de seus discípulos através do seu hari-katha


Gurudeva é Parabrahma. Brahma está em todos os lugares, até mesmo aqui. Brahma é Paramatma, e Paramatma é a Superalma que reside no coração de todas as entidades vivas. Da mesma forma, o guru também reside no coração de todos os seus discípulos.


Como eu expliquei mais cedo, em nossa Gaudiya Vedanta Samiti, existem três pilares, e essas personalidades são: Srila Bhaktivedanta Vamana Gosvami Maharaja, Srila Bhaktivedanta Trivikrama Gosvami Maharaja e Srila Bhaktivedanta Narayana Gosvami Maharaja. De acordo com as regras da Gaudiya Vedanta Samiti, depois da partida de Srila Bhakti Prajnana Keshava Gosvami Maharaja, Srila Bhaktivedanta Vamana Gosvami Maharaja se tornou o acharya-guru da instituição. Então, ele começou a dar os diksha-mantras e a criar suddha-bhakti no coração de seus discípulos. Por esta razão, todos se referiam a ele como sendo igual a Brahma.


Srila Bhaktivedanta Narayana Gosvami Maharaja, assim como Vishnu, nutria todos os seus discípulos através do seu hari-katha. Ele sempre falava especialmente sobre vraja-katha, porque esse é o nosso principal objetivo: como entrar em Vraja-dhama. O katha de Srila Gurudeva, Srila Narayana Gosvami Maharaja, era principalmente sobre madhurya-rasa vraja-katha.


Shivaji tem o papel de destruir. Da mesma forma, o hari-katha de nosso Srila Bhaktivedanta Trivikrama Gosvami Maharaja é muito poderoso, como um raio. Se você ouvir o hari-katha dele, todos os anarthas do seu coração serão automaticamente destruídos. Ele dizia diretamente: “Abandone asat-sanga, má associação.” Ele principalmente citava um verso do Chaitanya-charitamrita:


asat-saṅga-tyāga, — ei vaiṣṇava-ācāra

‘strī-saṅgī’ — eka asādhu, ‘kṛṣṇābhakta’ āra


(Chaitanya-charitamrita, Madhya-lila, 22.87)


[Um Vaishnava deve sempre evitar a companhia de pessoas comuns. Pessoas comuns são muito apegadas materialmente, especialmente às mulheres. Vaishnavas também devem evitar a companhia daqueles que não são devotos do Senhor Krishna.]


Você deve se afastar da companhia dessas pessoas. Strī-saṅgī são aqueles que mantêm relações ilícitas com mulheres. Você deve abandonar essa associação. Em segundo lugar, você deve se afastar dos mayavadis. Essa associação é muito, muito perigosa. Se você permanecer na companhia dos mayavadis ou impersonalistas, sua mente ficará completamente contaminada.


Se, acidentalmente, você se associar ilicitamente com uma mulher ou um homem, talvez seu coração possa ser purificado pelo cantar dos santos nomes juntamente com o arrependimento. Entretanto, se o seu coração estiver contaminado com a filosofia mayavadi, será difícil purificá-lo. O pensamento de que “eu sou Brahma” é uma concepção mayavada. Você não é Brahma, você pertence a Brahma. De acordo com alguns mantras védicos, isso está estabelecido:


ahaṃ brahmāsmi, prajñānaṃ brahma, 

sarvaṃ khalu idaṃ brahma, tat tvam asi


(Brihadaranyaka Upanishad, Aitareya Upanishad, Chandogya Upanishad)


O que significa “tat tvam asi”? Os impersonalistas interpretam este verso como: “Você é Brahma”. No entanto, esse não é o significado perfeito. O verdadeiro significado é: "Você pertence a Brahma." Entretanto, os impersonalistas ainda pensam: “Oh, você é aquele Brahma.” Você precisa remover toda a filosofia impersonalista do seu coração. Em vez disso, sempre pense: “Eu sou um servo eterno do Senhor Krishna.” Quem é você? Primeiramente, você deve saber:


jīvera ‘svarūpa’ haya

kṛṣṇera ‘nitya-dāsa’


(Chaitanya-charitamrita, Madhya-lila, 20.108)


[A posição constitucional das entidades vivas é a de ser um servo eterno de Krishna].


Às vezes, os devotos perguntam: “Quem sou eu”? Are! Você é um servo eterno do Senhor Krishna. Isso é muito simples. O Senhor Chaitanya Mahaprabhu deu esta resposta para Srila Sanatana Gosvamipada quando ele perguntou: “Quem sou eu?” Primeiramente, você deve entender: “Eu sou um servo eterno do Senhor Krishna. Essa é a minha simples identificação.” Jīvera ‘svarūpa’ haya kṛṣṇera ‘nitya-dāsa’ kṛṣṇera ‘taṭasthā-śakti’ ‘bhedābheda-prakāśa


Não há necessidade de fundir-se no imaginário. Alguns, erroneamente, acreditam: “Eu sou uma manjari, essa manjari…” Rasagulla Manjari, Gulaba Jamuna Manjari, Pakora Manjari! Are! Apenas cante os santos nomes nesse humor: “Eu sou o servo eterno do Senhor Krishna.” Senão, você irá pensar: “Não, não… Primeiramente, quero saber a minha própria svarupa. Qual é a minha svarupa? Que tipo de manjari eu sou?” Isso é verdade. Mas quando você saberá sobre essas coisas? Primeiramente, você deve cantar os santos nomes. Na verdade, abrigue-se em um guru fidedigno. 


Em primeiro lugar, estão: guru-padasraya, diksha, siksha e visrambhena-guru-seva. Depois vêm sraddha, sadhu-sanga, bhajana-kriya, anartha-nivritti, nistha, ruci, asakti e bhava-dasha. Após esses estágios, finalmente você irá compreender qual manjari você é.


O que vem por primeiro? Adau sraddha. Ao menos em uma vida, alcance o estágio de sraddha. De outra forma, se qualquer probleminha surgir, você abandonará o guru, abandonará a Thakuraji e, finalmente, abandonará tudo. Desse modo, como eu posso te contar: “Você é essa manjari, aquela manjari, Rasagulla Manjari, Pakora Manjari, Gulaba Jamuna Manjari”? Primeiramente, você deve fixar sua mente em guru. Em uma vida, concentre sua mente em guru, porque sem gurupada-padma, bhakti nunca irá se manifestar em seu coração.


Algumas pessoas aceitam harinama e diksha, mas depois mudam para outro guru, e em seguida para mais outro… Passam a vida inteira trocando de guru. Ao fazer isso, como é possível que bhakti-devi se manifeste em seus corações? Por essa razão, Srila Bhaktisiddhanta Prabhupada escreveu um artigo onde ele menciona guru-tyagi e guru-bhogi.


Guru-tyagi significa aquele que abandona o guru. E guru-bhogi significa aquele que quer desfrutar das propriedades ou do dinheiro do guru. Esses tipos de discípulos nunca irão desenvolver a vida espiritual, e ninguém poderá ajudá-los. Por milhares e milhares de vidas, eles terão que ir para o inferno, naraka. Esse é o motivo pelo qual nossos shastras dizem que nunca se deve abandonar o guru e nunca se deve abandonar harinama. Ainda assim, pode-se receber siksha de qualquer Vaishnava fidedigno. Por que não?


Assim como Narottama, Syamananda e Srinivasa, que tomaram diksha de diferentes acharya-gurus fidedignos, mas receberam siksha de Sri Jiva Gosvamipada. O guru deles também é fidedigno. O guru de Srila Narottama Dasa Thakura era Srila Lokanatha Dasa Gosvami. Mesmo assim, Narottama Dasa Thakura aceitou siksha de Jiva Gosvamipada. Esse é o processo. Por esta razão, nunca abandone o guru e nunca abandone harinama. Porque, nesta Kali-yuga, muitas pessoas irão tentar perturbar sua mente, e além disso, você é muito sensível — mas isso não é sua culpa. Algumas pessoas estão sempre fazendo politicagem e tentando perturbar sua mente dizendo coisas como: “Esse guru não é bom. Este outro guru é bom, ele é um maha-bhagavata”.


Tudo bem, se ele é um maha-bhagavata, você pode tomar siksha dele. Por que não? Srila Raghunatha Dasa Gosvami tomou diksha de Yadunandana Acharya, mas aceitou siksha de Sri Svarupa Damodara, Sri Raya Ramananda, Sri Rupa Gosvamipada e de Sri Sanatana Gosvamipada. Raghunatha Dasa Gosvami não abandonou seu guru e aceitou diksha de Rupa Gosvami ou Sanatana Gosvami. Ao invés disso, Raghunatha Dasa Gosvami aceitou siksha de Jiva Gosvami, e também deu os respeitos aos seus diksha-gurus


Raghunatha Dasa Gosvami também glorificou o seu próprio diksha-guru, Yadunandana Acharya. Como mencionado, ele aceitou siksha de Svarupa Damodara, Raya Ramananda, Rupa Gosvamipada e de Sanatana Gosvamipada. Mas, ele sempre glorificava o seu diksha-guru:


nāma-śreṣṭhaṃ manum api śacīputram atra svarūpaṃ

śrī-rūpaṃ tasyāgrajam uru-purīṃ māthurīṃ goṣṭhavāṭīm

rādhā-kuṇḍaṃ girivaram aho rādhikā-mādhavāśāṃ

prāpto yasya prathita-kṛpayā śrī-guruṃ taṃ nato'smi


(Sri Mukta-charita)


[Eu estou totalmente endividado com Sri Gurudeva porque ele está me dando tantas coisas. Ele está me dando o santo nome contendo a mais elevada forma de concepção, aspiração, e ideal, e está dando o serviço daquele grande salvador, o filho de mãe Saci, Sri Chaitanya Mahaprabhu, que é como uma montanha dourada indicando o caminho para krishna-lila. E Sri Gurudeva me trouxe para Svarupa Damodara, que é Lalita-devi, a amiga mais próxima de Srimati Radhika. Então, ele me trouxe para Sri Rupa, que recebeu a ordem para distribuir rasa-tattva, e então para Sri Sanatana Gosvami, que ajustou nossa posição em relação a raganuga-bhakti. Gurudeva me trouxe para Mathura Mandala, onde Radha e Govinda realizam seus passatempos, onde as florestas, colinas e cada trepadeira, arbusto e grão de areia são uddipana (estímulos) para ajudar na lembrança de Radha e Govinda. Ele me deu Radha-kunda e Giriraja Govardhana, e aho! Ele me deu confiança em tudo isso, então eu inclino minha cabeça, com profundo respeito, aos seus pés de lótus.]


Quando você lê isso, percebe o quão belamente ele glorificou seu diksha-guru: “Pela misericórdia sem causa do meu diksha-guru, eu tomei siksha de todos esses acharyas.” Então, muito cuidadosamente, siga e entenda isso. De outra forma, sua vida espiritual, sem contar sua vida material, será prejudicada porque você terá cometido uma grave ofensa aos pés de lótus do guru. Você precisa lembrar dessas coisas. Nunca abandone o guru e nunca abandone harinama. Entenda isso com muita cautela.


Como eu expliquei mais cedo sobre o hari-katha de Srila Trivikrama Gosvami Maharaja, suas aulas são muito poderosas e diretas. Srila Gurudeva, Narayana Gosvami Maharaja, algumas vezes dizia: “Nós estamos falando de algo de uma maneira polida, mas Trivikrama Gosvami Maharaja não está falando polidamente, ele é direto.” Srila Bhaktivedanta Trivikrama Gosvami Maharaja dizia claramente: “Você é asat-sangi, você quer a má associação. Como será possível que bhakti entre em seu coração?” Todos sentiam medo diante dele. Vocês não conseguiriam me tolerar se eu falasse esse tipo de katha para vocês. Ele diria diretamente para você: “Você é grhastha! Asat sangi!” Ele falava essas coisas de forma direta, e isso era muito difícil. Por esse motivo, às vezes, algumas pessoas ficavam com medo diante dele, e poucas pessoas assistiam seu katha.


Você também pode ter ouvido sobre as glórias de Srila Trivikrama Maharaja da boca de Srimati Uma Didi. Ela se associou com Srila Trivikrama Maharaja muitas vezes, pois ela ficava no templo de Chunchura. Ela ouvia o hari-katha de Trivikrama Gosvami Maharaja todos os dias, e sabia sobre as suas glórias.


Externamente, Trivikrama Maharaja parecia muito duro, mas, internamente, seu coração era muito macio. 


vajrādapi kaṭhorāṇi mṛdūni kusumādapi


(Uttara-rama-carita, 2.7)


[Mais duro que um diamante, mais macio que uma flor.]


Externamente, o coração dos suddha-vaishnavas pode parecer como um raio, mas por dentro, ele é muito macio, como uma flor. Seus corações são como um coco. A parte externa de um coco é muito dura. Você não pode morder um coco com seus dentes. Primeiro, você tem que quebrar o coco, e dentro dele você encontrará a macia malai.


Da mesma forma, as atividades de Trivikrama Gosvami Maharaja pareciam muito duras. Mas, internamente, seu coração era muito macio. Se você se associasse com ele, compreenderia. Você tinha que ter tolerância pois, algumas vezes, ele poderia usar palavras ásperas com você. Ele usava muitas palavras duras e dava castigos pesados. 


No início, eu experienciei como não era tão fácil ficar com Srila Gurudeva, Narayana Gosvami Maharaja. Às vezes, externamente, ele também era muito rígido e forte. Contudo, internamente, seu coração era muito macio. Eu até mesmo vi como, algumas vezes, Srila Narayana Gosvami Maharaja dava um tapa ou batia com suas mãos pesadas.


Entretanto, Vamana Gosvami Maharaja nunca castigava nenhum de seus discípulos. Cada acharya ou Vaishnava tem sua própria natureza particular, svabhava. Tente entender que, se você testemunhar um Vaishnava sendo muito rígido externamente, não o critique.


dṛṣṭaiḥ svabhāva-janitair vapuṣaś ca doṣair

na prākṛtatvam iha bhakta-janasya paśyet

gaṅgāmbhasāṁ na khalu budbuda-phena-paṅkair

brahma-dravatvam apagacchati nīra-dharmaiḥ


(Sri Upadesamrita, verso 6)


[Situado em sua posição original consciente de Krishna, o devoto puro não se identifica com o corpo. Não se deve encarar tal devoto a partir de um ponto de vista materialista. Na realidade, não se deve reparar se o corpo do devoto nasceu em família inferior, se tem aspecto feio, se é deformado, doente ou fraco. Segundo a visão comum, essas imperfeições podem parecer importantes no corpo de um devoto puro. Porém, apesar de tais defeitos aparentes, o corpo do devoto puro não pode contaminar-se. É como no caso das águas do Ganges, que às vezes, durante a estação das chuvas, enchem-se de bolhas, espuma e lama. As águas do Ganges não ficam poluídas. Aqueles que são avançados em entendimento espiritual se banharão no Ganges sem considerar a condição da água.]


Srila Rupa Gosvamipada compôs esse verso em seu livro O Néctar da Instrução, Upadesamrita. Se você observar as atividades externas de um suddha-vaisnava sendo rígidas, não as critique. 


Dṛṣṭaiḥ svabhāva-janitair vapuṣaś ca doṣair — se você testemunhar as atividades externas ou a natureza de um Vaishnava como, às vezes, sendo um pouco ásperas, muito cuidadosamente, associe-se com ele e sempre dê respeitos a ele. A água do Ganges é sempre pura.


Gaṅgāmbhasāṁ na khalu budbuda-phena-paṅkair brahma-dravatvam apagacchati nīra-dharmaiḥ. Normalmente, quando a espuma é encontrada na água, significa que ela está impura. O Srimad-Bhagavatam descreve como Indra dividiu seu papa-karma entre quatro personalidades: as mulheres, a terra, a água e as árvores.


Por isso, quando a água está contaminada e a espuma aparece, você não pode usá-la no serviço à Thakuraji. Entretanto, se você ver espuma na água do Ganges, você não pode dizer que ela está contaminada, porque as águas do Ganges são sempre puras e nunca se contaminam — até mesmo quando a espuma aparece. Essa é a diferença entre a água comum e a água de Ganga-devi. 


Em qualquer outro rio, exceto o Ganga, se tiver espuma na água, o rio está contaminado. Você não pode adorar a Thakuraji com essa água contaminada. Mas, se a água do Ganges, ganga-jala, tiver espuma, ela não estará contaminada, e você pode utilizá-la para adorar a Thakuraji. Da mesma maneira: 


vaiṣṇava-caritra, sarvadā pavitra, ĵei ninde hiṁsā kôri’

bhakativinoda, nā sambhāṣe tā’re, thāke sadā mauna dhôri


(Kabe Muĩ Vaiṣṇava Cinibô, de Srila Bhaktivinoda Thakura)


[Bhaktivinoda jamais fala com aqueles que, por inveja, criticam o caráter sempre puro dos Vaiṣṇavas; ao invés disso, ele sempre permanece em silêncio.]


Srila Bhaktivinoda Thakura comentou sobre o caráter do Vaishnava. Aqui, Vaishnava significa shuddha ou Vaisnava puro.


Vaiṣṇava caritra sarvadā pavitra — o caráter um suddha-vaishnava é sempre puro. Nunca critique qualquer suddha-vaishnava, e nunca se associe com alguém que critica um suddha-vaishnava. Sempre se mantenha longe dessas pessoas. 


Às vezes, não podemos entender as atividades externas do Vaishnava. Assim como as atividades de Srila Gaura Kisora Dasa Babaji Maharaja, que é um uttama-uttama maha-bhagavata. No dia de Ekadashi, ele comeria arroz, e nos dias que não eram Ekadashi, ele diria: “Ó, hoje é Ekadashi, eu irei jejuar completamente.” Ao presenciar isso, alguém pode criticar: “Ó, como ele pode ser um Vaishnava? Ele está comendo arroz no dia de Ekadashi”.


Às vezes, ele jejuava completamente por três ou até mesmo quatro dias. Se você dissesse: "Babaji Maharaja, por favor, tome prasada", ele responderia: "Hoje é Ekadashi." Se alguém insistisse: "Tome prasada", ele ainda assim responderia: "Hoje é Ekadashi." Por três ou quatro dias ele responderia isso e, às vezes, no dia de Ekadashi, ele comeria arroz. É muito difícil entender as atividades externas de um uttama-uttama maha-bhagavata.


Nossos shastras estabelecem que um Vaishnava não deve ficar zangado com ninguém. Entretanto, Narada Rishi se irritou com Nalakuvara e Manigriva. Dito isto, é possível que alguém ainda pense: “Como ele pode ser um Vaishnava? Um Vaishnava deve ser calmo e sereno, mas ele lançou uma maldição enquanto estava irado. Então, Narada não é um Vaishnava.” Pensar assim é uma ofensa aos pés de lótus de Narada, que é um uttama-bhagavata


Lembre-se sempre que as atividades externas de um uttama-bhagavata não podem ser sempre facilmente compreendidas. Por esta razão, Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura Prabhupada explicou que, se o guru está zangado com você e te castiga, isso significa que, na verdade, você recebeu a misericórdia dele.


Em um passatempo, Srivasa Thakura deu um tapa em Harichandana, que era o segurança do Rei Prataparudra. Durante o Ratha-yatra, Srivasa Thakura estava sempre dançando, absorto em seu êxtase transcendental. O rei Prataparudra estava próximo do seu segurança Harichandana, que tinha um corpo muito grande. Enquanto dançava, absorto em humores estáticos, Srivasa Thakura se aproximava do Rei Prataparudra. Quando realizamos kirtana, às vezes, pulamos para cima e para baixo. Dessa forma, Srivasa Thakura, que é a encarnação direta de Narada Rishi, chegou muito perto do rei enquanto dançava. Então, Harichandana, o oficial militar que tinha o corpo bem grande, empurrou Srivasa Thakura e disse: “Não se aproxime, o rei está aqui!”.


Harichandana fez isso duas vezes ou mais, até que finalmente, Srivasa Thakura ficou muito zangado externamente, e deu um tapa bem forte no general, diante de todos. Bam! Harichandana ficou muito bravo e tentou até mesmo bater em Srivasa Thakura. Mas o Rei Prataparudra disse: “Não, não faça isso. Ele é muito misericordioso, e você é kripa-patra por ter recebido a misericórdia de Srivasa Thakura.” Por que eu estou dizendo isso? Porque se um Vaishnava, ou um suddha-vaishnava, bate em você, na verdade, você está realmente recebendo a misericórdia dele.


Da mesma forma, vimos que, às vezes, Srila Gurudeva, Narayana Gosvami Maharaja, e Srila Trivikrama Gosvami Maharaja ficavam muito zangados e davam castigos severos. O hari-katha de Trivikrama Gosvami Maharaja, especialmente, poderia ser difícil de tolerar. 


Eu vi que, quando ele dava hari-katha, a maioria dos devotos fugia. Apenas alguns permaneciam sentados, porque sabiam que o seu hari-katha era muito pesado. Principalmente, ele explicava o sloka “jīvera ‘svarūpa’ haya kṛṣṇera ‘nitya-dāsa’ kṛṣṇera ‘taṭasthā-śakti’ ‘bhedābheda-prakāśa”. Ele poderia dar a mesma aula todos os dias. 


Eu não tive muita associação direta com ele, mas ainda me recordo de quando Trivikrama Gosvami Maharaja passava de 2 a 3 meses em nosso templo em Mathura. Todos os dias, quando ele abria o Chaitanya-charitamrita, ele recitava recitava um sloka: “jīvera ‘svarūpa’ haya kṛṣṇera ‘nitya-dāsa’”.


Ele também recitava outro sloka do Chaitanya-charitamrita: “‘strī-saṅgī’ — eka asādhu, ‘kṛṣṇābhakta’ āra’”. Ele explicava esses dois slokas todos os dias. Às vezes, ele dava três aulas por dia. Quando Gurudeva estava doente, Trivikrama Gosvami Maharaja dava uma aula pela manhã, uma aula no meio da tarde, às quatro horas, e uma aula à noite. Três vezes ao dia, ele falava o mesmo sloka. Certo dia, um devoto observou: “Maharaja, você está dando a mesma aula…” Trivikrama Gosvami Maharaja respondeu: “Ei! A mesma aula? Você quer ouvir gopi-katha, é!”.


Às vezes, ele dizia: “Ahh… Gopi, gopiAre! Nada de gopi! Primeiro, você deve entender: jīvera ‘svarūpa’ haya kṛṣṇera ‘nitya-dāsa’. Você é o servo eterno de Krishna. Cante os santos nomes.” Ele era muito franco. Ele poderia perguntar: “Quantas voltas você está cantando? Você precisa cantar 64 voltas todos os dias. Você não está cantando 64 voltas de santos nomes e está dizendo: ‘Gopi, gopi, gopi rasa-katha’?” Seu katha era muito direto. 


Alguns poderiam perguntar: “Maharaja, por favor, explique um pouco mais sobre…” “Eh! Mais? Não! Jīvera ‘svarūpa’ haya kṛṣṇera ‘nitya-dāsa'. Aprenda isso! Primeiro, você deve entender que é o servo eterno de Krishna. Você não é o servo de maya, e nem o servo de sua esposa!”, respondia Bhaktivedanta Trivikrama Gosvami Maharaja. Ele diria diretamente para você, especialmente se você fosse um chefe de família: “Você é um servo da sua esposa ou não?”.


Eu me lembro que, certa vez, Trivikrama Maharaja deu hari-katha sobre o Bhramara-gita. Durante esse tempo, Gurudeva estava se recuperando de uma condição no coração, e por duas ou três semanas, ele não falou nenhum hari-katha. Esse momento aconteceu muito perto do parikrama de Kartika, talvez um mês antes.


Todos os anos, um ou dois meses antes de Kartika, Trivikrama Maharaja ficava em nosso matha. Dessa vez, ele perguntou: “Ei, sobre qual assunto Srila Narayana Maharaja estava dando aula?” Naquele período, Srila Gurudeva, Narayana Gosvami Maharaja, estava dando katha sobre o Bhramara-gita. Depois de ouvir isso, Trivikrama Maharaja disse: “Oh, eu também darei aula sobre o Bhramara-gita.” Nós sempre ficamos muito felizes em ouvir esse tipo de katha — a canção do abelhão. Mas depois de ler o primeiro sloka do Bhramara-gita, ele começou a falar: “Jīvera 'svarūpa' haya-kṛṣṇera 'nitya-dāsa.” Ele lia o sloka do Bhramara-gita, e quando ia falar sobre o significado, começava a explicação dizendo: “Jīvera ‘svarūpa’ haya…”.


Ele falou por uma hora e meia e, principalmente, citou um verso do Srimad-Bhagavatam que fala sobre kandu-rasa, do prahlada-katha. Neste mundo material, as pessoas estão sofrendo as três misérias de maya, e lutando contra a luxúria, a raiva, e muitas outras coisas.


Kandu-rasa significa doença de pele. Quando sofremos com uma doença de pele, algumas bolinhas inflamadas que coçam podem aparecer. Quando isso acontece, você pode sentir conforto e prazer enquanto coça elas. Mas, minutos após coçar, você começa a sentir muita dor. Da mesma forma, neste mundo material, as almas condicionadas estão sofrendo. Você não pode conquistar maya. Tudo o que você pode fazer é coçar o comichão até que ele cause dor. Você nunca poderá conquistar a luxúria se ainda estiver gratificando os sentidos. Então, é dito:


na jātu kāmaḥ kāmānām

upabhogena śāṁyati

haviṣā kṛṣṇa-vartmeva

bhūya evābhivardhate


(Srimad-Bhagavatam, 9.19.14)


[Assim como a ação de fornecer manteiga ao fogo não diminui o fogo, mas, ao contrário, deixa-o cada vez mais forte, do mesmo modo, tentar cessar os desejos luxuriosos através do gozo contínuo jamais pode ser exitoso. De fato, a pessoa deve voluntariamente cessar esses desejos materiais.]


Por gratificar nossos sentidos, não conseguimos nos satisfazer completamente. Quando o ghee é lançado no fogo, este aumenta ainda mais. A maioria dos kathas de Srila Bhaktivedanta Trivikrama Gosvami Maharaja eram assim — muito diretos. Entretanto, às vezes, ele dava hari-kathas muito doces e bonitos, e chorava enquanto falava. Eu lembro que ele chorava enquanto falava sobre os passatempos de Uddhava, de sua vinda para Vrindavana, prestando reverências para os pés de lótus de Srimati Radhika, e depois, falando com as gopis.


Como eu mencionei, o katha de Trivikrama Gosvami Maharaja era como o Senhor Shiva. Shiva destroi, e similarmente, o katha de Trivikrama Gosvami Maharaja destroi seus anarthas, as coisas indesejáveis em seu coração. Ele dizia: “Nessa vida, cante os santos nomes.” Ele dava ênfase nesse ponto: “Cante os santos nomes e abandone a má associação, asat-sanga.” O que são os sahajiyas (imitadores)? Eles permanecem em asat-sanga, má associação, enquanto cantam os santos nomes. Portanto, abandone a má associação e cante os santos nomes. De outra forma, suddha-harinama não irá se manifestar em seu coração. Se você tomar remédio para tosse e, ao mesmo tempo, consumir iogurte, como a tosse será curada?


Você deve cantar os santos nomes, isso é verdade. Então, devagar, seus anarthas serão removidos. Mas como cantar os santos nomes? Para que se tenha resultados, é requerido um processo. Um médico irá dizer: “Tome essa medicação, assim você ficará livre da doença.” Mas como você tomará essa medicação? Existem algumas regras. Você não pode simplesmente tomar esse remédio do jeito que quiser e, depois dizer: “Doutor, minha doença não está passando.” Por essa razão, em seu katha, Trivikrama Gosvami Maharaja dizia: “Você deve cantar os santos nomes, isso é verdade. No entanto, como irá cantá-los?”


ye-rūpe la-ile nāma prema upajaya

tāhāra lakṣaṇa śuna, svarūpa-rāma-rāya


(Chaitanya-charitamrita, Antya-lila, 20.20)


[Sri Chaitanya Mahaprabhu continuou: “Ó Svarupa Damodara Gosvami e Ramananda Raya, ouça de Mim os sintomas de como deve-se cantar o maha-mantra Hare Krishna para facilmente despertar o amor adormecido por Krishna.]


O próprio Mahaprabhu disse: “Ó Svarupa Damodara, ó Raya Ramananda, é assim que vocês devem cantar os santos nomes. Desse modo, prema irá se manifestar.” E como vocês devem cantar os santos nomes?


tṛṇād api sunīcena

taror iva sahiṣṇunā

amāninā māna-dena

kīrtanīyaḥ sadā hariḥ


(Sikshashtaka, 3)


[Quem se considera inferior à grama, quem é mais tolerante do que uma árvore e não espera obter honra pessoal, estando, pelo contrário, sempre pronto a prestar todo respeito aos outros, pode, muito facilmente, cantar sempre o santo nome do Senhor.]


Mahaprabhu disse: “Se você cantar os santos nomes, deve sempre se manter humilde e tolerante.” Por exemplo, tanto a esposa quanto o marido, que tomaram diksha do guru, ainda brigam todos os dias. Não seja assim. Seja “tṛṇād api sunīcena…” Caso contrário, como os santos nomes poderão se manifestar? E como o guru irá conceder sua misericórdia a vocês? Tentem compreender isso.


Deem amor e afeição verdadeiros um para o outro. Are! Há somente duas pessoas em sua casa — a esposa e o marido — e ainda assim, o casal está sempre brigando. Como o suddha-nama poderá se manifestar? E então, você pede: “Gurudeva, me dê misericórdia, me dê misericórdia…” O guru já deu a misericórdia quando disse: “Cante os santos nomes.” Gurudeva deu a misericórdia para você quando lhe deu harinama.


Ou, talvez, a sua casa seja uma reconstituição do Mahabharata — ou seja, há muita briga em casa. Desse modo, como você poderá adentrar em suddha-bhakti? A caridade começa em casa, depois, você pode pregar para os outros. Se na sua casa tem apenas uma esposa e um marido, apenas duas pessoas, e ainda assim, não há tolerância, como você poderá pregar isso para os outros?


Por esta razão, o Senhor Chaitanya Mahaprabhu disse claramente:


tṛṇād api sunīcena

taror iva sahiṣṇunā

amāninā māna-dena

kīrtanīyaḥ sadā hariḥ


Alguns ainda irão pedir todos os dias: “Gurudeva, diga-me, qual é a minha svarupa? Quem sou eu?” Você é o servo eterno de Krishna, krishna-sevaka. Você é o servo do guru. Você é o servo eterno dos Vaishnavas. Vaishnava-seva e guru-seva.


Primeiro, você deve servir e se tornar um Vaishnava. Seu marido deve ser um Vaishnava, e sua esposa deve ser uma Vaishnavi — desse modo, sirvam um ao outro. Seu marido tomou diksha do guru, então ele é um Vaishnava. E você tomou diksha do guru, então você é uma Vaishnavi. Apenas sirvam um ao outro e se respeitem.


Alguns dizem: “Meu marido não é Vaishnava”, ou: “Minha esposa não é Vaishnava, os outros que são Vaishnavas.” Primeiro, você deve sempre oferecer respeito para sua esposa ou marido. Lembre-se sempre: a caridade começa em casa. O humor correto é: “Eu não sou um Vaishnava, mas minha esposa é.” Dessa forma, deem respeito aos outros — tṛṇād api sunīcena taror iva sahiṣṇunā — e sejam sempre tolerantes como as árvores. “Amani” significa “nunca desejar por seu próprio nome, fama ou reputação, e sempre dar respeito aos outros”. Deve-se sempre pensar assim:


‘āmi tô’ vaiṣṇava’ — e buddhi hôile, amānī nā ha’bô āmi

pratiṣṭhāśā āsi’, hṛdaya dūṣibe, hôibô niraya-gāmī


(Kṛpā Karô Vaiṣṇava Ṭhākura, verso 2, de Śrīla Bhaktivinoda Ṭhākura)


[Se eu desenvolver a ideia de que “sou um Vaiṣṇava”, nunca me tornarei humilde. Meu coração será contaminado pelo desejo de receber honra dos outros, e eu irei para o inferno.]


Srila Trivikrama Gosvami Maharaja, na maior parte do tempo, cantava essa canção. Āmi to vaiṣṇava, se você pensar que é um Vaishnava, não poderá dar respeito aos outros. Cada um deve compreender: “Eu não sou um Vaishnava, todos os outros são Vaishnavas.” Entenda isso. Se você pensar: “Eu sou um Vaishnava”, não poderá respeitar os outros apropriadamente. 


O guru nunca pensa: “Eu sou guru.” Ele pensa: “Eu sou o servo de Nityananda Prabhu, e estou apenas ajudando ele.” O guru nunca faz discípulos. Srila Bhaktisiddhanta Prabhupada disse: “O guru faz gurus.” Essa é a verdade. Um professor faz um professor. Um professor nunca faz um estudante. Você não é meu aluno, eu farei de você um professor. 


Por isso, Srila Trivikrama Gosvami Maharaja era sempre muito humilde e sempre respeitava todos os Vaishnavas. Às vezes, externamente, ele usava palavras ásperas com Srila Narayana Gosvami Maharaja, mas sempre com muito amor e afeição. Às vezes, Gurudeva, Srila Narayana Gosvami Maharaja, dizia: “Ei, Trivikrama Gosvami Maharaja usou muitas palavras ásperas comigo, mas nenhum de vocês critique ele, pois ele é um uttama-uttama maha-bhagavata. Não critique Trivikrama Gosvami Maharaja. Deem respeito a ele assim como fazem comigo”.


Desse modo, sempre deem respeito a Trivikrama Gosvami Maharaja assim como vocês dão para seu próprio guru. Ele é nosso siksha-guru. Diksha-guru e siksha-guru não são diferentes.


śikṣā-guruke ta’ jāni kṛṣṇera svarūpa

antaryāmī, bhakta-śreṣṭha, — ei dui rūpa


(Chaitanya-charitamrita, Adi-lila, 1.47)


[Deve-se saber que o mestre espiritual instrutor é a Personalidade de Kṛṣṇa. O Senhor Kṛṣṇa se manifesta como a Superalma e como o maior devoto do Senhor.]


Portanto, qual é a diferença entre rupa e svarupa? Nenhuma. É por isso que Srila Gurudeva dizia: “Sempre respeitem Trivikrama Gosvami Maharaja assim como me respeitam.” Na verdade, Trivikrama Gosvami Maharaja nunca criticou ninguém. Ele dizia para Narayana Gosvami Maharaja: “Ei, por que você está sempre dizendo: ‘Gopi, gopi, gopi-katha’? Você tem alguma realização sobre as gopis?” E Srila Narayana Gosvami Maharaja respondia habilmente: “Você está sempre dizendo: ‘Cante os santos nomes.’ Você tem alguma realização do seu cantar dos santos nomes?” Trivikrama Gosvami Maharaja respondia humildemente: “Não, não. Eu não tenho nenhuma realização quando canto os santos nomes.” Srila Gurudeva, então, respondia com humor: “Então, por que você está cantando os santos nomes?”.


Essas interações entre eles eram repletas de todos os tipos de amor e afeição — às vezes, chamadas de brigas amorosas, prema-kahala.


Dessa forma, nós oramos pelas bênçãos de Srila Trivikrama Gosvami Maharaja, para que um dia ele remova todos os anarthas de nossos corações. Dessa forma, seremos capazes de cantar o santo nome puro.


Gaura Premanande! Hari Haribol!

Srila Trivikrama Gosvami Maharaja ki jaya!

Jaya Jaya Sri Radhe!


 

Tradução: Radha Dasi

Edição e revisão: Taruni Gopi Dasi


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